ANGOLA PROCURA MUDANÇAS NA CADEIA DE VALOR AGRO-ALIMENTAR
19 Maio 2021 | Economia | Angop
Luanda - O Executivo angolano, em parceria com a FAO, prevê capacitar, até Novembro deste ano, um grupo de 600 actores do agro-negócio e agro-alimentar do país, visando o desenvolvimento e melhor organização da cadeia de valores inclusivas do milho, café, mandioca e hortícolas, por cada província.
A iniciativa, inserida no Agro-Prodesi, foi anunciada nesta terça-feira, numa vídeo-conferência, e envolve o Ministério da Economia e Planeamento (MEP), o Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Inapem), a FAO e académicos.
Com este plano de formação, que se enquadra no Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (Prodesi), augura-se um reforço das capacidades técnicas e funcionais dos actores públicos e privados, com vista a identificação e priorização das cadeias de valor agro-alimentar de maior relevância por cada província.
Pretende-se, de igual modo, a definição de instrumentos e mecanismos para a promoção do investimento nessas mesmas cadeias, reduzindo riscos.
O assistente da área de programas da FAO, Anastácio Roque, disse que a iniciativa envolve, além da componente capacitação, o acompanhamento e melhoria dos actores estratégicos da cadeia de valores agro-alimentares e agro-negócios.
Assim, referiu a fonte, procura-se o desenvolvimento com a participação do sector público e privado, académicos, cooperativas e prestadores de serviços, para promoção de ligações ao longo das cadeias de valor, estimular o intercâmbio e colaboração entre os actores.
Em cada província, estão a ser mobilizados pelo menos 30 participantes, para se alcançar uma cifra de 600 actores-chave no agro-negócio e cadeias de valores a nível nacional.
Durante seis meses, estes terão acesso a tópicos estratégicos como de parcerias público-privadas para a promoção de investimento nas cadeias de valores agrícolas, inclusão do pequeno produtor nos modelos do agronegócio e financiamento à agricultura familiar, sistemas de mercado e ciclos curtos de comercialização, inovação na extensão e produção sustentável.
Seis facilitadores, incluindo académicos ao serviço do Prodesi, com o apoio dos gabinetes provinciais de desenvolvimento económico integrado e departamentos do Inapem e do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), farão o acompanhamento do processo de formação em formato presencial, através da realização de workshops, exercícios práticos, debates, visitas de campo e troca de experiências.
O ciclo de hoje contemplou quatro temas, entre os quais, “Os maiores desafios e a situação actual das cadeias de valores produtoras em Angola”, Análise da cadeia de valores, mapeamento e análise de mercado e serviços”, Boas práticas de desenvolvimento da estratégia de melhoramento da cadeia de valores e a partilha de experiência da cadeia de valor do café”.
Para Bárbara Hladka especialista da FAO em agro-negócios e cadeias de valor a nível de África, as principais barreiras do sector privado, que impedem o investimento no sector privado são semelhantes em alguns países.
O sector privado, como bancos, disse a especialista, não investe muito na cadeia de valores do sector agrário, por estas serem muito confusas e desorganizadas, o que eleva os riscos.
Por isso, defende ideias mais claras em torno das recomendações concretas para que se consiga promover o investimento inclusivo sustentável na cadeia de valor prioritárias em Angola, por região.
“ Vai ser uma base importante para tudo que fazemos. Poderemos desenvolver o sector agrário, quando conseguirmos organizar e fixar os problemas e desafios que tem as nossas cadeias de valor, especialmente, aquelas que estão a ser dominadas pelo sector informal e por pequenos produtores”, sublinhou a especialista.
A análise funcional da cadeia de valor de grãos (milho e arroz), mandioca, café e hortícolas foram apresentadas pelo docente universitário Yuri Chipuio, um dos prelectores deste evento.