O presidente executivo do banco francês Société Générale, Carlos Santos, disse, quarta-feira(30), em Luanda, que as reformas operadas no sector de Petróleo e Gás tornaram Angola num dos países africanos com menor índice de risco para os investimentos.
Carlos Santos falava à imprensa à margem do seminário "Financiamento de Projectos Petrolíferos e Mineiros”, organizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), em parceria com Société Générale, que visou a apresentação de soluções de financiamento para projectos das empresas nacionais.
O também representante daquele banco na África Austral, recordou que a Société Générale tem um longo historial de colaboração com o Ministério das Finanças e a Sonangol na concessão de financiamentos, mas, a abertura ao sector privado só é possível devido à melhoria do ambiente de negócios, depois da fase crítica da pandemia da Covid-19.
"Apresentamos várias modalidades de financiamento na nossa carteira, quer para projectos na área de Oil & Gas, quer na mineração. Os procedimentos são os mesmos que se fazem em todos os países, inclusive na Europa, o que passa pela sustentabilidade do projecto e outras garantias de conformidade, estando, numa primeira fase, disponíveis mais de mil milhões de dólares”, anunciou.
Emancipação do sector privado
O secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barroso, disse, na abertura do encontro, que a potencialização das empresas do sector passa pela sua emancipação no Mercado Financeiro Internacional, de modo a superar as dificuldades inerentes ao novo paradigma da transição energética.
José Barroso reconhece, à luz das noções políticas do Estado, que o aquecimento global "é um facto” e que a Transição Energética "é necessária e inevitável”, razão pela qual Angola tem definido e elaborado programas para protecção e conservação do ambiente, num período em que já é visível a competição internacional por financiamentos com uma indústria de energias renováveis cada vez mais presente e pujante.
"Angola tem vindo a harmonizar os interesses nacionais com as agendas e compromissos internacionais sobre o clima para introduzir, de forma gradual, fontes de energia de baixo teor de carbono e renováveis, tais como o gás natural, biocombustíveis, solar e hidrogénio verde. Contudo, temos de continuar na exploração de petróleo e gás, que continuarão a ser a principal fonte de energia nas próximas décadas”, afirmou.
A aplicação dos preceitos de compliance (conformidade legal) nas empresas nacionais, frisou o secretário de Estado, deve ser um factor prioritário para que a sua actividade seja pautada pela transparência e credibilidade, conferindo uma imagem positiva do sector diante dos potenciais investidores, na medida em que a transição energética e outros factores exógenos têm impacto directo na materialização de objectivos macros do sector.
Atractividade nas minas
O secretário de Estado para os Recursos Minerais, Jânio Correia Victor, disse que "o novo modelo de governação do sector mineiro criou premissas para um investimento de capital privado mais harmonioso e seguro, reduzindo a presença directa do Estado como agente económico e optimizando o papel do sector privado no desenvolvimento de projectos”.
Jânio Correia Victor sublinhou que o contexto actual da economia mundial vem demonstrar a importância que a indústria mineira representa na vida económica e social dos países pelo valor e elevada procura das matérias-primas e produtos finais, muitos dos quais têm peso expressivo na balança comercial do país.
"Os dados aferidos no Plano Nacional de Geologia atestam que Angola é detentora de um potencial geológico e mineiro considerável, que abarca desde pedras preciosas e semi-preciosas, metais e uma boa parte da gama de minerais denominados de críticos pela União Europeia, essenciais para a transição energética”, disse.
Lembrou que o novo modelo de governação do sector mineiro, aprovado pelo Decreto Presidencial 143/20 de 26 de Maio "cria as premissas para um investimento de capital privado mais harmonioso e seguro”.