Angola e França assinam acordo de cooperação

3 Fevereiro 2022 | Sociedade

Angola e França assinam acordo de cooperação

O Acordo tem como objectivo, por um lado, promover o conhecimento recíproco da cultura e da história de ambos os países, utilizando a cultura como alavanca para atingir uma melhor qualidade de vida para os respectivos povos, tendo em conta o impacto desta sobre o desenvolvimento socioeconómico, e por outro, consolidar e fortalecer os laços de amizade e de compreensão mútua.

A assinatura do acordo vai ter lugar no castelo de Versalhes, durante a cerimónia oficial de entrega ao Estado francês, de duas esculturas francesas do século XVIII de grande valor histórico e artístico, doadas pelo Estado angolano, no âmbito de um Protocolo de parceria entre os ministérios da Cultura de Angola e de França, assinado a 1 de Setembro de 2021, na Embaixada de Angola em Paris.

A Embaixada de Angola em França decidiu realizar esta cerimónia na sexta-feira, para render homenagem a todos quantos, com a sua abnegação e sacrifício, tornaram possível que Angola fosse hoje um país independente e soberano.
Para além da assinatura pelos dois ministros, do acordo de cooperação cultural e da escritura de doação através da qual se formaliza a transferência de propriedade das esculturas doadas, a cerimónia incluirá a inauguração de uma exposição que vai ilustrar o percurso das esculturas desde a sua criação até à sua remoção do jardim da Embaixada de Angola, assim como a apresentação de uma placa de mármore que consagra a República de Angola como um dos grandes mecenas do castelo de Versalhes.

As duas obras de arte em questão, um conjunto escultórico denominado Zéphyr, Flore et l’Amour e uma escultura denominada l’Abondance, tinham sido encomendadas respectivamente pelos reis Luis XIV e Luis XV, para decorarem os jardins de seus castelos, e fazem parte do património de Versalhes que ficou disperso como consequência da Revolução, e sobre o qual o castelo tem estado a envidar um grande esforço desde há cerca de dois séculos, para a sua localização e recuperação.

Propriedade do Estado angolano desde 1979, data em que foi adquirido o edifício da sua embaixada em França em cujo jardim se encontravam, as esculturas foram localizadas em 2018 por um especialista de Versalhes que desconhecia o seu paradeiro e que tinha feito um estudo aturado dos arquivos disponíveis sobre as vendas que envolviam o património do castelo e as sucessivas mudanças de proprietário, com o objectivo de inventariar e fazer uma busca nos bens imóveis de todos os descendentes, na esperança de que as obras ainda se encontrem em França.

Respondendo à solicitação do castelo de Versalhes, o Estado angolano concordou em doar as esculturas ao Estado francês, em nome das excelentes relações de cooperação bilateral incluindo no domínio da Cultura, e tomando em consideração o grande respeito que Angola nutre pela história, pelo património e pela identidade cultural dos povos, reafirmando deste modo, a sua convicção sobre a primazia de cada país no usufruto da sua própria criação artística.

Algumas acções de cooperação cultural bilateral decorrentes do Protocolo de doação de esculturas estão em preparação, nomeadamente o intercâmbio entre profissionais de ambos os países no domínio dos museus e do património, que será materializado pela vinda de técnicos angolanos a Versalhes em Maio próximo,  e no domínio da definição e implementação de políticas e de legislação cultural, que levará peritos do ministério da Cultura de França a Angola, ainda este ano.

A Embaixada de Angola receberá do castelo de Versalhes em Julho próximo, duas réplicas das esculturas para substituírem os originais doados à França, e a exposição que será inaugurada no dia 4 de Fevereiro permanecerá aberta ao público durante três meses depois dos quais as obras de arte integrarão as salas do museu nacional dos castelos de Versalhes e de Trianon, mostrando nos respectivos rótulos a inscrição : "Doação da República de Angola em 2022”.


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