Grupo Rothschild pretende fazer investimentos no país

18 Maio 2021 | Política | Jornal de Angola

Grupo Rothschild pretende fazer investimentos no país

O grupo europeu Rothschild quer abrir escritório em Luanda para, em função disso, ajudar a alavancar o potencial económico do país. O interesse foi manifestado ontem, em Paris, França, pelo presidente do banco com o mesmo nome, Thibaud Foucarde, durante a audiência que lhe foi concedida pelo Presidente João Lourenço.

 

Ao falar à imprensa, no termo da audiência, o empresário destacou que a ideia de investir em Angola passa por ajudar a criar mais postos de trabalho e proporcionar mais prosperidade ao país. "O Senhor Presidente está bastante feliz em saber que podemos ajudar a alavancar o potencial que o país tem, razão pela qual desejou-nos boas-vindas, esperando que o investimento do grupo possa chegar ao país”, frisou, tendo exaltado as grandes reformas em curso no país, com destaque para a criação de um melhor ambiente de negócio.


Thibaud Foucarde disse que o seu grupo tem experiência em trabalhar em vários países e, agora, quer instalar-se, também, em Angola, com o intuito de ajudar em várias matérias. "Temos escritórios implantados em mais de 40 países. É um trabalho muito sugestivo que se pode fazer no âmbito da cooperação com o vosso país”, realçou.


O grupo tenciona efectuar uma visita ao país nos próximos tempos, a fim de manter contacto com várias autoridades locais, sobretudo com o Ministério das Finanças. Nessa altura, esperam ser recebidos pelo Presidente da República para uma discussão mais pormenorizada sobre as várias matérias relacionadas com o progresso de investimento no país.


O presidente do banco Rothschild revelou que a audiência de ontem serviu, também, para se apresentarem ao Presidente da República, que, como sublinhou, não os conhecia.

Projecto Bita


Numa outra audiência, o Chefe de Estado recebeu o presidente da Sociedade Francesa Suez, Bertrand Camus. O encontro serviu para falar de um projecto, denominado BITA, que vai reforçar o fornecimento de água na capital do país. O referido projecto está orçado em 300 milhões de dólares e tem a conclusão prevista para dentro de dois ou três anos. "O nosso grupo tem estado a trabalhar em Angola há já vários anos. Trabalhamos, normalmente, nos projectos hídricos, isto é, projectos de tratamento e transporte de água”, disse.


Bertrand Camus salientou que o grupo trabalha em Angola há já vários anos em projectos hídricos de tratamento e transporte de água. "Nós queremos continuar a investir neste sector hídrico”, aclarou.  Bertrand Camus disse estar, igualmente, em curso um outro projecto, que não especificou, que poderá custar mil milhões de dólares.


 A última audiência foi concedida a Jean Marc Nasr, vice-presidente executivo de Sistemas Espaciais da Empresa Airbus.
Em declarações à imprensa, Jean Marc Nasr disse que o encontro com o Presidente da República serviu, praticamente, para falar do sector em que actuam. Lembrou que a Airbus faz parte do grupo que está a trabalhar na construção do novo satélite de telecomunicações do país. "As interacções giraram em torno desta questão”, garantiu.


Ainda ontem, o Presidente João Lourenço manteve um encontro com o homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa. No final do encontro, não houve declarações à imprensa.

Cimeira


As audiências acontecem um dia antes da realização da Cimeira África-França sobre o financiamento das economias africanas, uma iniciativa do Governo francês com o envolvimento da União Africana.


Vários Chefes de Estado africanos e representantes de países europeus vão marcar presença no encontro, hoje, em Paris.
Vão estar em debate neste encontro de alto nível a dívida dos países africanos, o investimento privado, a construção de infra-estruturas e as reformas económicas em curso nas nações africanas. Estão presentes vários chefes de Estados africanos, além de outras individualidades europeias.


Os países africanos já beneficiaram de um perdão de dívida nos anos 1990, quando uma iniciativa conjunta do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial para os Países Pobres Altamente Endividados reduziu significativamente o montante em débito. Entretanto, entre 2006 e 2019, a dívida aos credores externos passou de 100 mil milhões para 309 mil milhões de dólares, o que, com a crise do novo coronavírus, atirou boa parte da região para uma recessão económica que torna muito mais difícil o cumprimento das obrigações financeiras.


De acordo com estimativas de organizações financeiras internacionais, o défice de financiamento da África subsaariana pode chegar a quase 300 mil milhões de dólares até 2023. Uma das iniciativas para tentar ajudar os países mais endividados a lidarem com as consequências económicas da quebra das receitas e do aumento das despesas em contexto de pandemia foi a Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI), que, até Novembro, tinha ‘poupado’ cerca de 5 mil milhões de dólares (4,1 mil milhões de euros) aos países em dificuldades.


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