Paris (dos enviados especiais) - A França é um dos principais parceiros económicos de Angola e as duas partes pretendem aproveitar a visita oficial do Presidente da República, João Lourenço, para reforçar a cooperação nos domínios financeiros, assistência técnica e tornar o país mais forte em outros sectores, além do petrolífero.
Em declarações hoje à imprensa, o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, considerou “total” a primeira visita oficial do chefe de Estado a França, tendo em conta as prioridades da política externa do país, apesar do seu “grande cunho económico”.
Afirmou que tem havido manifestações dos dois lados, para que esta cooperação seja incrementada. E agora com a presença de João Lourenço em Paris, a convite do seu homólogo francês, Emmanuel Macron, espera-se que ela corresponda a estratégia de diversificação económica traçada por Angola.
Manuel Augusto disse que o país pretende sair da dependência do petróleo, como sector mais visível da cooperação entre as duas nações, e apostar em outras áreas, nomeadamente na agricultura, parte técnica e formação de quadros e acordos no segmento da defesa.
Por isso, o chefe da diplomacia angolana espera “resultados concretos” que possam nos próximos tempos ganhar corpo com troca de missões dos dois países, principalmente com acordos e contratos entre os empresários das partes.
Por essa razão, para além da delegação oficial do Governo, haverá uma empresarial de Angola que, com a parte francesa, discutirá formas práticas, exequíveis para uma cooperação económica, financeira e de assistência técnica.
Para isso, faz parte da comitiva o ministro das Finanças, Archer Mangueira, com o objectivo de assinar acordos na área financeira. “Acordos importantes que vão ajudar a tornar realidade este desejo do reforço da nossa cooperação”, explicou Manuel Augusto.
Em relação à deslocação a Toulouse, o ministro das Relações Exteriores anunciou que o chefe de Estado vai visitar a sede da fabricante de aviões Airbus e de outros componentes, além de um encontro com representantes da comunidade angolana naquela província industrial do sul de França.
Segundo o governante, João Lourenço aproveitará a ocasião para transmitir uma mensagem de esperança aos angolanos residentes em França de que “dias melhores” virão para o país, fruto da estratégia de desenvolvimento do executivo para o quinquénio 2017/2022.
As relações político-diplomáticas e de cooperação entre os dois países iniciaram a 17 de Fevereiro de 1976, ano em que Paris reconheceu a independência de Angola, culminando com a assinatura, a 26 de Julho de 1982, do Acordo Geral de Cooperação.
O comércio bilateral aumentou 67 porcento. Após queda de 21% em 2012 e 2013, as exportações francesas para Angola subiram novamente na ponta final de 2014, com um valor estimado a 770 milhões de euros, representando mais 67% em relação ao ano anterior.
As exportações são basicamente por equipamentos para a indústria petrolífera, mas têm se diversificado, entre outros, nos domínios da alimentação, saúde, automóveis, bens de consumo, mecânica, electricidade, electrónica e computadores, perfumes e cosméticos.
A empresa petrolífera francesa Total tornou-se na primeira operadora do país, com uma produção de 700 mil barris por dia em 2014, o que representa cerca de um terço da produção angolana.
